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terça-feira, 23 de agosto de 2011

Escravos do padrão

Moça de 21 anos. Bonita. Com 1,72 m de altura e 40 quilos, é magra, como todas as meninas nessa idade sonham ser. É modelo. Tem presença freqüente na Meca da alta costura. Sinônimo de bons salários para desfilar em passarelas do mundo todo. Essa é a história de Ana Carolina Reston, modelo que morreu em 2006 de anorexia, uma disfunção alimentar onde a pessoa se submete, por vontade própria, a uma rígida e insuficiente dieta alimentar.
Ana Carolina é mais uma vítima entre tantas encontradas no Brasil. Vítima não só da anorexia, mas dos padrões de beleza. Padrões estes que fazem mulheres normais buscarem corpos esguios iguais aos que estampam as capas de revistas e passarelas.
Começou nesta terça-feira (17/06) a São Paulo Fashion Week, momento em que esse assunto vem à tona. As modelos magras como Ana Carolina Reston continuam desfilando e se submetendo aos regimes muito restritivos. Afinal, de quem é a culpa por essas meninas ficarem sem comer só para serem aceitas pela sociedade?
A resposta para essa pergunta geralmente cai nos ombros dos estilistas, produtores de eventos, donos de agências, enfim, a publicidade da moda que emplaca a magreza como ideal de beleza.
O mais alarmante é que a anorexia não tem atingido só as meninas. Segundo o Ambulim, ambulatório para tratamento de doenças alimentares da USP (Universidade de São Paulo), o número de rapazes que manifestam anorexia também tem aumentado. Em 2008 foram atendidos 20 meninos com a doença, sendo que em anos anteriores o número de atendimentos masculinos não passou de três.
No mundo todo, movimentos para impedir que a indústria da moda continue com sua “ditadura magérrima” vêm ganhando força. Na França, existe uma lei que está prestes a ser votada pelos deputados que torna crime a apologia da anorexia em sites da internet, punível com três anos de detenção e multa de até 50 mil euros.
Na Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo também tramita um projeto de lei sobre este tema. O PL 274/2008, de minha autoria, proíbe modelos com IMC (índice de massa corpórea) inferior a 18,5 kg/m² de participarem de eventos de moda e desfiles.
O IMC é uma fórmula que indica se um adulto está acima ou abaixo do peso considerável saudável. O calculo é feito dividindo o peso pela altura ao quadrado. Por exemplo, uma pessoa com 60 quilos e altura de 1,70m tem IMC de 20, 76 kg/m². Quando o IMC está entre 18,5 kg/m² e 24,9 kg/m² o peso é considerado normal. A modelo Ana Carolina Reston tinha IMC de 13,52kg/m².
De alguma forma temos de impedir que os padrões sejam surreais, inatingíveis. Não é justo que homens e mulheres se espelhem em modelos fabricados pela maquiagem, roupas de grife, corpos esqueléticos e photoshop (programa de computador que concerta imperfeições em fotografias). É inaceitável que meninas de sete anos façam dieta para ficarem iguais às top models e que as prioridades sejam beleza, fama e prestígio internacional enquanto a palavra de Deus diz: “Enganosa é a beleza e vã é a formosura, mas a mulher que teme ao Senhor, essa será louvada”. (Provérbios 31:30)

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